Enquanto estudantes de teatro, para além das definições encontradas no dicionário, pensamos muito sobre o que duas palavras, em específico, nos evocavam nessa circunstância pandêmica, quais ideias e sensações surgiam a partir delas. Na potência da junção dessas duas palavras, então, achamos o caminho para esta revista, que nasce de forma não presencial, mas coletiva: Contato Cênico. Duas palavras que nos estão em falta por conta do isolamento, mas que acreditamos serem necessárias, ainda que nossa troca seja apenas remotamente (por enquanto).
Nossa revista online surge do encontro – não como os que nos vêm à cabeça ao pensar na vida antes da pandemia, mas de um encontro inusitado, intempestivo, extemporâneo. Encontro não esperado ou sequer imaginado até um passado recente. Se no agora passado, ao qual estávamos acostumados, a disciplina Práticas Crítico-Editoriais acontecia de forma presencial, por conta deste agora de agora, que é excepcional, o universo online de múltiplas telas permitiu a reunião dos vários grupos de estudantes dos cursos da Escola de Teatro.
E, da multiplicidade de caminhos cruzados que convergiu nessa disciplina, cada um em sua tela, surge este trabalho. Uma revista de olhares interditos, à distância e em quarentena, mas jamais inativos ou menos potentes. Atuantes no tempo – e do tempo. A escrita e a edição unidas por um bem maior; artistas, autores, alumnus e pesquisadores em foco, em crítica, em ação – em prática. Prática essa, do olhar, do saber, do investigar e da escuta. Jamais foi tão difícil viver nesse agora de agora. Mas também nunca tão desafiador.
Nosso objetivo, então, é a construção deste espaço online em que desejos singulares ou múltiplos possam se expressar e difundir perspectivas diversas, compartilhando conteúdos e saberes do teatro, sobre o teatro, para o teatro e a quem possa se interessar. Fazer contato, também, entre pessoas: alunos, acadêmicos e/ou curiosos com as discussões, provocações, histórias e personagens que aqui se apresentam.
Contato Cênico, feito por muitas mãos, vozes e olhares, surge do desejo de mantermos, de alguma forma, o teatro em movimento, em diálogo e em constante reflexão, olhando para o atual agora. E isto sem perder de vista os agoras do passado que ainda ecoam ou agoras desconhecidos que ainda estão por vir.